Artistas na Fábrica
Sinopse
A exposição Artistas na Fábrica – Tereza Arriaga, Jorge de Oliveira, Manuel Filipe – 1943-1945, inaugurada a 15 junho de 2024 e patente até 15 de junho de 2025, reúne, pela primeira vez, um conjunto de obras da pintora Tereza Arriaga (1915-2013) e do pintor Jorge de Oliveira (1924-2012) criadas em 1945, no contexto da sua relação com dois sectores industriais de enorme relevância na região de Leiria naquela época: a Nacional Fábrica de Vidros da Marinha Grande, onde Tereza Arriaga foi professora, e a Empreza de Cimentos de Leiria, em Maceira-Liz, local onde Jorge de Oliveira desenvolveu os seus trabalhos.
A exposição integra também um tríptico da série Desenhos Negros de Manuel Filipe (1908-2002), que, em 1945, retratou de forma excecional a dureza das condições de vida dos operários.
Com uma vasta variedade de materiais – obras de arte, filmes, ferramentas de trabalho industrial, memórias orais e escritas, documentos administrativos, policiais, escolares e associativos - a exposição esplora os contextos históricos, sociais e culturais em que as obras surgiram.
O programa cultural desta exposição propõe uma imersão na arte neorrealista e no seu contexto político, oferecendo uma reflexão profunda sobre o contexto histórico e social da época.
A exposição, que reúne as obras de Tereza Arriaga, Jorge de Oliveira e Manuel Filipe, proporciona uma oportunidade única de analisar como é que a arte se tornou uma forma de resistência e de intervenção social contra a opressão e as desigualdades. Paralelamente, o Ciclo de Cinema Neorrealista Comentado, convida o público a refletir sobre as conexões entre o cinema e as artes visuais, trazendo obras icónicas do movimento neorrealista, como Roma, Cidade Aberta e Ladrões de Bicicletas, além de filmes contemporâneos que reafirmam a atualidade dos temas abordados pelo movimento.
A inclusão de conversas e palestras sobre literatura neorrealista enriquece ainda mais a experiência cultural, ampliando a compreensão do impacto do movimento neorrealista nas diversas formas de expressão artística, mas também na sociedade, permitindo aprofundar o estudo das questões sociais, políticas e culturais que marcaram a produção artística da época, mas também a atividade cívica e política de muitos cidadãos.
Ao confrontar a arte com a realidade de uma época conturbada, Artistas na Fábrica convida o público a refletir sobre o papel da arte como agente de mudança social e política, apelando ao entendimento e à valorização da sua dimensão educativa e transformadora sobre o impacto das dinâmicas de resistência à opressão do regime ditatorial português.
CONVERSAS ARTISTAS NA FÁBRICA
Sinopse
Conversas Artistas na Fábrica é um ciclo de colóquios organizado no âmbito da exposição Artistas na Fábrica – Tereza Arriaga, Jorge de Oliveira e Manuel Filipe – 1943-1945.
Os colóquios, sempre antecedidos de visita à exposição orientada por uma das curadoras, decorrem até maio de 2025, focando temas históricos e atuais inspirados no conteúdo expositivo.
PROGRAMAÇÃO
8 de fevereiro
15h - Visita Orientada pela Professora Doutora Raquel Henriques da Silva - Historiadora de Arte. Curadora da exposição.
16h30 - Colóquio | Leiria Cultural e Política II: cultura e resistência
12 de abril
15h - Visita Orientada pela Professora Doutora Raquel Henriques da Silva - Historiadora de Arte. Curadora da Exposição Artistas na Fábrica
16h30 - Colóquio | Neorrealismo em Portugal - Artes Plásticas
10 de maio
15h - Visita Orientada pela Doutora Emília Margarida Marques – Antropóloga. Investigadora. Curadora da Exposição Artistas na Fábrica.
16h30 – Colóquio | 1945: Artistas em que fábricas? Contexto socioeconómico, associativismo e resistência à ditadura.
Pode consultar a programação completa no PDF abaixo.
CICLO DE CINEMA NEORREALISTA COMENTADO
Sinopse
O Ciclo de Cinema Neorrealista Comentado resulta de uma parceria entre o m|i|mo – museu da imagem em movimento e o Museu do Neo-Realismo.
Com a seleção de um conjunto de oito filmes, propõe-se uma reflexão sobre as conexões entre o cinema e as artes visuais, e a influência determinante do neorrealismo em cinematografias de diversas latitudes.
O Ciclo traz-nos desde os clássicos italianos, que ajudaram a afirmar definitivamente o movimento, até obras recentes que reinterpretam o real com uma visão dos nossos dias.
Títulos como Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini, e Ladrões de Bicicletas (1948), de Vittorio De Sica, são pilares do neorrealismo italiano, retratando a vida quotidiana e as lutas sociais no pós-guerra com uma sensibilidade humanista e uma abordagem quase documental.
A inclusão de obras de Manuel Guimarães, como Saltimbancos (1951) e Nazaré (1952), destaca a relevância do neorrealismo no contexto português. Guimarães é frequentemente considerado o realizador português que melhor incorporou, no cinema, os princípios desta corrente artística, focando-se nas vidas das classes desfavorecidas e nas desigualdades sociais.
A Fábrica do Nada (2017), de Pedro Pinho, representa uma visão contemporânea do realismo, demonstrando como as questões levantadas pelo neorrealismo – como a luta dos trabalhadores, a alienação e a crítica social – permanecem urgentes e relevantes.
São convidados a comentarem os filmes David Santos, Pedro Florêncio, Luciana Fina e Pedro Pinho.
Para além das sessões para o publico em geral, estão programadas quatro sessões para o público escolar, que oferecem oportunidade aos jovens estudantes de refletirem sobre questões sociais e humanas, como desigualdades, pobreza e resistência, através de filmes que continuam a ser extremamente relevantes. Este ciclo permite ampliar a sua consciência crítica, percebendo como o cinema pode ser uma poderosa ferramenta para questionar e representar a realidade.
PALESTRA - A LITERATURA NEORREALISTA
Sinopse
Nesta palestra, António Pedro Pita, explora o surgimento e a evolução do Neorrealismo na literatura, que emergiu na década de 1930 como uma resposta às condições sociais, políticas e económicas do Estado Novo. Focado na denúncia da alienação e das desigualdades sociais, o Neorrealismo apresenta personagens de classes marginalizadas e reflete sobre a luta de classes, a exploração do trabalho, as condições da pobreza. A palestra oferece uma visão abrangente do impacto do Neorrealismo na literatura portuguesa e mostra como essa corrente se tornou uma expressão literária de crítica social e de intervenção e quis desempenhar um papel importante na luta global pela emancipação.
Inscrições: mimo@cm-leiria.pt ou 244 839 675 (chamada para rede fixa nacional)
António Pedro Pita, Professor catedrático aposentado (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra/Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação). Investigador do Centro de Estudos Interdisciplinares/UC. Foi diretor científico do Museu do Neo-Realismo (2014-2017).