03 fev. 2024 15h00
02 mar. 2024 20h00

«VOAR PELAS CORES DOS PENSAMENTOS» - Exposição do Artista Plástico António Carmo

Cultura Exposição

Sinopse

VOAR PELAS CORES DOS PENSAMENTOS 
LANÇAR DO PAPAGAIO 

Em toda a obra de um artista existe sempre Aquela que melhor o caracteriza ou define. 

Quando olho para a tela Lançar o Papagaio, vejo a essência de António Carmo. Vejo liberdade, vejo sonho, vejo imaginação, ainda que enraizada em tradição; vejo, sobretudo, o verdadeiro Eu de uma criança. 

Aqui perco-me em pensamentos e sentimentos de infância… toda a envolvência reflecte a liberdade, a felicidade… transporto-me para casa dos avós… Vemos o Moinho de Vento, o Espantalho, o Papagaio de Papel… Idealizo um campo de milho, onde corremos livremente e libertamos um pedaço de papel cheio de cor, que apesar de preso a nós por um cordão, vagueia ao sabor do vento, levando os nossos pensamentos a voar, os nossos sonhos a ganhar ânimo; vejo o pouco a ser muito, o brincar na rua, o abraçar sem preconceito… Vejo um espaço onde somos felizes! 

Quem conhece António Carmo sabe, que o seu EU interior vive dessa criança que nunca se perdeu, que sempre acreditou e em constante criação. É esta maturidade de uma criança que encontramos em toda a sua obra; num 
desagarrar de preconceitos, desprender de pensamentos vincados e entrançados em supostas necessidades, num agarrar da liberdade... com toda a leveza que uma criança tem! 

Uma leveza que vemos nas linhas dos desenhos a tinta da china da sua fase de intervenção que reclamavam por uma liberdade roubada, até às múltiplas conjugações de cores dos seus óleos que proclamam uma liberdade condicionada a si própria. 

No fundo… a felicidade faz-se de coisas leves, coisas simples… e toda a criança vive com a felicidade dentro de si, o importante é permitir que essa infância prevaleça para que a esperança jamais possa partir. Olhemos então as obras deste artista até onde a nossa imaginação nos permita voar pelas cores dos pensamentos.

Ficha técnica

Organização
Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira

Outras Informações

Entrada gratuita

Público-alvo: População em geral

 

António Carmo nasceu em 1949 no Bairro da Madragoa em Lisboa

António Carmo nasceu em 1949 no Bairro da Madragoa em Lisboa, filho de gente ligada ao mar, mas foi criado pela madrinha de baptismo, tendo vivido sempre na capital.

Dada a sua apetência para o desenho e a conselho do seu professor, na adolescência, ingressa na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde cursou Pintura Decorativa. Ainda como estudante começa a frequentar as tertúlias de Lisboa, nomeadamente na Brasileira do Chiado, Café Tarantela, Café Vává, Leitaria Garrett, etc.

Na Brasileira, conheceu e conviveu com algumas das figuras conhecidas da cultura nacional, tais como Almada Negreiros, Abel Manta, Jorge Barradas e João Hogan que, em 1970 apadrinhou a sua exposição na Galeria Diário de Notícias, e outros que ainda hoje fazem parte do seu convívio diário, entre estes, Virgílio Domingues, Alberto Gordillo e Luís Lobato. 

Dada a diversidade de interesses culturais que sempre manifestou, teve o privilégio de conviver com grandes vultos do mundo das artes, nomeadamente do bailado, cinema e literatura.

Amigo pessoal de alguns dos nossos cantores e compositores, tais como Adriano Correia de Oliveira (que homenageou com um painel de azulejos em Avintes), Carlos do Carmo (executou a capa do LP O HOMEM NO PAÍS), Paulo de Carvalho, etc.

Em 1968 faz a sua primeira exposição individual, na Galeria Nacional de Arte em Lisboa. Nesse mesmo ano, ingressa no Grupo de Bailados Portugueses Verde Gaio, aí permanecendo por dezoito anos e onde conheceu alguns grandes nomes do bailado internacional. Nesse período, para além de participar como bailarino, fez ainda os figurinos e cenários para alguns bailados do Grupo.

Em 1970 é mobilizado para a Guiné (Guerra Colonial) e durante os 2 anos em que ali permanece, organiza algumas exposições e executa alguns murais; colabora no jornal A Voz da Guiné e faz uma pesquisa sobre a Arte Nalu.

Regressa a Lisboa em 1972 e no ano seguinte promove na Galeria Opinião, uma exposição de reflexão e denúncia dessa mesma Guerra Colonial.

Depois de 25 de Abril de 1974, executa grandes murais nas Festas do Avante em conjunto com outros nomes da pintura, tais como: Rogério Ribeiro, Cipriano Dourado, Querubim Lapa, Jorge Vieira e Rogério do Amaral.

A partir de então inicia uma carreira internacional sendo a sua primeira exposição na Galeria Solidair em Roterdão/Holanda, vindo a fixar-se temporariamente em Bruxelas onde há cerca de 25 anos mantém uma permanência constante nalgumas galerias, tais como: Galerie L’Oeil, Racines e, mais recentemente a Galerie Albert I.

Em Bruxelas, executa ainda dois murais de grandes dimensões para a ABEP (Associação de Portugueses Emigrados na Bélgica) que foram, recentemente, doados à Câmara de S. Gilles/Bruxelas.

Dentro do espírito de divulgação cultural que está sempre presente na sua postura social, ilustrou durante alguns anos o “Suplemento Cultural” do matutino O Diário bem como outros jornais. Formou ainda o Grupo Paralelo, na Primavera de 1974, juntamente com alguns pintores e escultores: Adão Rodrigues, Alberto Gordillo, Álvaro Perdigão, António Trindade, Cipriano Dourado, Estevão Soares, Guilherme Casquilho, Teixeira Lopes, Ribeiro Farinha, Rogério Amaral e Virgílio Domingues. A ele aderiram posteriormente vários outros artistas plásticos, entre os quais Boavida Amaro, João Duarte, João Hogan, Jorge Vieira, José António Flores, Lurdes Freitas, Maurício Penha, Noémia Cruz e Querubim Lapa.

Nascido numa época ímpar da nossa História, o Paralelo foi também produto do sonho partilhado por quase todos os Portugueses de então, de construir um Portugal melhor, onde até a Cultura e a Arte tivessem a sua oportunidade. Os seus fundadores propunham-se sobretudo promover a divulgação das corrente estéticas das artes plásticas portuguesas, mirando o território virgem que a província representava e, se possível, projectando o voo além fronteiras. O veículo de propaganda eram, naturalmente, as exposições.

Pode dizer-se que ainda hoje, passados 45 anos, o Grupo Paralelo mantém o mesmo espírito e actividade que norteou a sua criação – a divulgação de várias tendências estéticas.

Do seu curriculum fazem parte inúmeras exposições tanto nacionais como estrangeiras que convida a ver na rubrica “EXPOSIÇÕES”.