“Saltimbancos” de Manuel Guimarães| Ciclo de Cinema Neorrealista Comentado | Artistas na Fábrica

Sinopse

Primeira sessão do Ciclo de Cinema Neorrealista Comentado

Apresentação do Filme

Saltimbancos (1953), a primeira longa-metragem de Manuel Guimarães, destaca-se no cinema português da década de 1950 por sua abordagem diferenciada em relação às tradicionais comédias “à portuguesa”. Influenciado pelo neorrealismo italiano, o filme adapta o romance O Circo, de Leão Penedo, e conta a história de uma companhia de saltimbancos, explorando as dificuldades que enfrentam enquanto tentam sobreviver num contexto de crescente decadência social e económica. Com uma abordagem mais séria e realista, Saltimbancos distancia-se do humor simples e popular das comédias da época, oferecendo uma visão mais profunda sobre as adversidades da vida no circo, mas também refletindo sobre a condição humana. A obra é uma das primeiras tentativas do cinema português de incorporar influências do movimento neorrealista, com ênfase nas dificuldades sociais e na luta pela sobrevivência, enquanto mantém um olhar sensível e humano sobre os seus personagens.

Sinopse

Saltimbancos acompanha a vida de uma companhia circense, explorando como os seus membros enfrentam a decadência e a luta pela sobrevivência durante tempos difíceis. À medida que a equipa tenta manter a sua identidade e o seu meio de vida, a história reflete sobre as adversidades da vida artística e a persistente busca por dignidade num contexto de dificuldades económicas. A obra, com a sua narrativa simples mas profunda, revela o drama humano por trás das máscaras de um circo em declínio.

"O universo subterrâneo e exótico do Circo Maravilhas – pequeno e decadente, tristonho e dramático na sua miséria, nos conflitos e fatalismo dos velhos artistas, na coragem da veterana trapezista, no trilhar errante duma aventura insolidária, onde o afecto e o companheirismo rasgam, no horizonte, uma esperança inextinguível..." [Fonte: José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar, 1999, p.94]

Tony, a trapeze artist, gets a job at a small circus. When a tempest takes away the tent, Tony stays for the love of the beautiful Belmira who could be a rider… if they hadn’t sold the horse. They play at open-air, sleep under the stars, scrimp and save every penny, and soon there’s a new tent to be bought… on credit. But Belmira is not happy, she dreams of a real home, while Tony is fascinated by the circus. And the gloomy days are back…

Sessão

Esta sessão será apresentada pelo Dr. David Santos, Diretor Científico do Museu do Neo-Realismo e Diretor do Departamento de Turismo, Cultura e Identidade Patrimonial e Imaterial da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Após a exibição, o Dr. David Santos moderará uma breve conversa sobre o filme e o seu contexto no cinema português da época.

Este Ciclo de Cinema Neorrealista Comentado resulta da colaboração entre o MNR e o m|i|mo e integra-se na programação cultural da exposição “Artistas na Fábrica – Tereza Arriaga, Jorge de Oliveira, Manuel Filipe – 1943-1945”, com curadoria de Raquel Henriques da Silva e Emília Margarida Marques.

A inclusão de obras de Manuel Guimarães, como Saltimbancos (1951) e Nazaré (1952), sublinha a relevância do neorrealismo no contexto português. Guimarães é frequentemente considerado o realizador português que melhor incorporou os princípios desta corrente artística no cinema, abordando as vidas das classes desfavorecidas e as desigualdades sociais – temas que também ecoam na exposição Artistas na Fábrica.